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Transhumanismo: Antihumanismo, Religiões Biônicas e o "Admirável Mundo Novo"
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No final do século XIX, um asceta ortodoxo russo chamado Nikolai Fedorov foi inspirado pelo darwinismo para argumentar que os humanos poderiam direcionar sua própria evolução para trazer a ressurreição. Segundo ele, até este ponto, a seleção natural tinha sido um fenômeno aleatório, mas agora, graças à tecnologia, os humanos podiam intervir neste processo. Invocando profecias bíblicas, ele escreveu: "Este dia será divino, impressionante, mas não milagroso, pois a ressurreição será uma tarefa não de milagre, mas de conhecimento e trabalho comum."
Essa teoria foi levada para o século XX por Pierre Teilhard de Chardin, um padre jesuíta francês e paleontólogo que, como Fedorov, acreditava que a evolução levaria ao Reino de Deus. Em 1949, Teilhard propôs que no futuro todas as máquinas seriam conectadas a uma vasta rede global que permitiria que as mentes humanas se fundissem. Com o tempo, essa unificação da consciência levaria a uma explosão de inteligência – o "Ponto Ômega" – permitindo que a humanidade "rompesse a estrutura material do Tempo e Espaço" e se fundisse perfeitamente com o divino.
Os transumanistas, geralmente ateus, normalmente reconhecem Teilhard e Fedorov como precursores de seu movimento, mas o contexto religioso de suas ideias raramente é mencionado ou creditado - embora, a todo momento, tudo o que a religião fornecia (mesmo na sua forma herética, gnóstica ou heterodoxa) fosse prontamente substituído por um pretenso equivalente científico.
Para se afastar de sua raiz esotérica, ocultista, religiosa, cristã, gnóstica - a maioria dos adeptos do movimento atribui o primeiro uso do termo transumanismo, no sentido que eles de fato desejam comunicar, a Julian Huxley, o eugenista britânico e amigo próximo de Teilhard que, na década de 1950, expandiu muitas das ideias do padre em seus próprios escritos - embora tenha se esforçado para afastar qualquer pista religiosa para soar relevante entre a academia.
Durante duas décadas, o trasnhumanismo era tido como uma ideia marginal, até ressurgir com força nos anos 80 em São Francisco entre um grupo de pessoas da indústria de tecnologia com uma veia libertária. Eles inicialmente se autodenominavam extropianos e se comunicavam por meio de boletins informativos e em conferências anuais.
Desde então, foram criados jornais, institutos, ONGs e organizações educacionais destinadas a juntar pensadores transumanistas e espalhá-los pelas diversas áreas do conhecimento humano: inteligência artificial, nanotecnologia, engenharia genética, robótica, exploração espacial, memética e a política e economia.
O movimento foi ganhando destaque não apenas no meio acadêmico, mas também entre empresários e entusiastas da tecnologia.
Russel Kurzweil foi um dos primeiros grandes pensadores a trazer essas ideias para o mainstream e legitimá-las para um público mais amplo. Sua ascensão em 2012 para um cargo de diretor de engenharia no Google, anunciou, para muitos, uma fusão simbólica entre a filosofia transhumanista e a influência de grandes empresas de tecnologia.
Os transhumanistas hoje exercem enorme poder no Vale do Silício — empreendedores como Elon Musk e Peter Thiel se identificam como crentes desta "nova religião" — onde fundaram think tanks como a Singularity University e o Future of Humanity Institute. As ideias propostas pelos pioneiros do movimento não são mais reflexões teóricas abstratas, mas estão sendo incorporadas em tecnologias emergentes em organizações como Google, Apple, Tesla e SpaceX.
O que torna o movimento transumanista tão sedutor é que ele promete restaurar, por meio da ciência, as esperanças transcendentes que a própria ciência obliterou.
Os transumanistas não acreditam na existência de uma alma, mas também não gostariam de soar como materialistas estritos.
Deus na Maquina: Transhumanismo, Antihumanismo e Religiões Biônicas
99 एपिसोडस
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No final do século XIX, um asceta ortodoxo russo chamado Nikolai Fedorov foi inspirado pelo darwinismo para argumentar que os humanos poderiam direcionar sua própria evolução para trazer a ressurreição. Segundo ele, até este ponto, a seleção natural tinha sido um fenômeno aleatório, mas agora, graças à tecnologia, os humanos podiam intervir neste processo. Invocando profecias bíblicas, ele escreveu: "Este dia será divino, impressionante, mas não milagroso, pois a ressurreição será uma tarefa não de milagre, mas de conhecimento e trabalho comum."
Essa teoria foi levada para o século XX por Pierre Teilhard de Chardin, um padre jesuíta francês e paleontólogo que, como Fedorov, acreditava que a evolução levaria ao Reino de Deus. Em 1949, Teilhard propôs que no futuro todas as máquinas seriam conectadas a uma vasta rede global que permitiria que as mentes humanas se fundissem. Com o tempo, essa unificação da consciência levaria a uma explosão de inteligência – o "Ponto Ômega" – permitindo que a humanidade "rompesse a estrutura material do Tempo e Espaço" e se fundisse perfeitamente com o divino.
Os transumanistas, geralmente ateus, normalmente reconhecem Teilhard e Fedorov como precursores de seu movimento, mas o contexto religioso de suas ideias raramente é mencionado ou creditado - embora, a todo momento, tudo o que a religião fornecia (mesmo na sua forma herética, gnóstica ou heterodoxa) fosse prontamente substituído por um pretenso equivalente científico.
Para se afastar de sua raiz esotérica, ocultista, religiosa, cristã, gnóstica - a maioria dos adeptos do movimento atribui o primeiro uso do termo transumanismo, no sentido que eles de fato desejam comunicar, a Julian Huxley, o eugenista britânico e amigo próximo de Teilhard que, na década de 1950, expandiu muitas das ideias do padre em seus próprios escritos - embora tenha se esforçado para afastar qualquer pista religiosa para soar relevante entre a academia.
Durante duas décadas, o trasnhumanismo era tido como uma ideia marginal, até ressurgir com força nos anos 80 em São Francisco entre um grupo de pessoas da indústria de tecnologia com uma veia libertária. Eles inicialmente se autodenominavam extropianos e se comunicavam por meio de boletins informativos e em conferências anuais.
Desde então, foram criados jornais, institutos, ONGs e organizações educacionais destinadas a juntar pensadores transumanistas e espalhá-los pelas diversas áreas do conhecimento humano: inteligência artificial, nanotecnologia, engenharia genética, robótica, exploração espacial, memética e a política e economia.
O movimento foi ganhando destaque não apenas no meio acadêmico, mas também entre empresários e entusiastas da tecnologia.
Russel Kurzweil foi um dos primeiros grandes pensadores a trazer essas ideias para o mainstream e legitimá-las para um público mais amplo. Sua ascensão em 2012 para um cargo de diretor de engenharia no Google, anunciou, para muitos, uma fusão simbólica entre a filosofia transhumanista e a influência de grandes empresas de tecnologia.
Os transhumanistas hoje exercem enorme poder no Vale do Silício — empreendedores como Elon Musk e Peter Thiel se identificam como crentes desta "nova religião" — onde fundaram think tanks como a Singularity University e o Future of Humanity Institute. As ideias propostas pelos pioneiros do movimento não são mais reflexões teóricas abstratas, mas estão sendo incorporadas em tecnologias emergentes em organizações como Google, Apple, Tesla e SpaceX.
O que torna o movimento transumanista tão sedutor é que ele promete restaurar, por meio da ciência, as esperanças transcendentes que a própria ciência obliterou.
Os transumanistas não acreditam na existência de uma alma, mas também não gostariam de soar como materialistas estritos.
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